31 de mar. de 2014

Ser gay pode, desde que (...)

Hoje pela manhã, numa dessas conversas informais no ambiente de trabalho, uma colega puxou assunto. “Sinceramente, eu acho mesmo que a Rede Globo tá querendo por tudo divulgar a homossexualidade. Você viu no Big Brother? Aquelas duas mulheres lá se atracando?” Falou com expressão de asco.

Essa não é uma opinião diferente da maioria por aí. Numa pesquisa divulgada no último dia 27 pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), 59,2% dos entrevistados se disseram incomodados ao verem dois homens ou duas mulheres se beijando na boca em público. A pesquisa ouviu 3.810 pessoas em todas as regiões do País. O estudo completo faz recorte regional, de gênero, de religião, além de idade, escolaridade e renda.

Quando não se mencionam direitos ou casamento, mas somente a possibilidade de uma relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo, a aceitação é menor: somente cerca de 41% dos entrevistados concordaram que “um casal de dois homens vive um amor tão bonito quanto entre um homem e uma mulher”.

Ainda de acordo com a pesquisa, “no sentido mais abstrato, no momento de concordar com a igualdade de direitos, uma parcela maior da população mostra-se mais tolerante, mas esses direitos não parecem incluir a demonstração de afeto em ambientes públicos”. Segundo os resultados do estudo, jovens apresentam tolerância maior à homossexualidade, e os idosos mostram-se mais intolerantes.

A religião também teve parcela significativa nas respostas. Os católicos só se mostraram intolerantes além da média no que toca à ideia de proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os evangélicos, por sua vez, se sobressaem como grupo mais intolerante à homossexualidade.

Em Imperatriz, demonstrações de afeto entre pessoas do mesmo sexo tem se tornado bastante comuns. O numero de homossexuais na cidade é grande (não fiz pesquisas, apenas sou boa observadora). Existem até alguns ‘guetos’ onde o publico LGBT se sente mais a vontade para a troca de afetos. (Bares, festas temáticas, etc). Mas aqui, como em qualquer outro lugar do país e do mundo, a manifestação de carinho em publico, entre pessoas do mesmo sexo, gera as mais repulsivas reações, tal qual a da minha colega, descrita no inicio desse texto.

Creio que, no que tange à demonstração de afeto em público, não é de ‘bom tom’ a troca de caricias independente de gênero ou orientação sexual, afinal de contas, o beijo faz parte de um mundo privado e está diretamente associado ao sexo. É claro que quando é entre homossexuais, o estranhamento e repulsa é elevado à máxima potência.

Dia desses eu passeava com minha sobrinha pela Beira Rio plena 17h quando me deparei com um casal (hétero) que, com bastante vulgaridade, se acariciava no banco do pátio central, onde crianças costumam brincar. Aquilo me revoltou bastante,porém, notei que poucas pessoas reprovavam a cena, salvo alguns mais idosos. Mas espera aí! O que há de errado nisso? Afinal, são homem e mulher! Homem e mulher pooooooooode!

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Recentemente, o site LGBT ‘I-Gay’ fez um desafio nas ruas de São Paulo. Três casais homossexuais aceitaram o desafio de trocar carinhos e beijos em ruas do movimentado centro da cidade. As reações foram majoritariamente negativas. Além de reprovar os beijos e as trocas de carícias com olhares, muitos dos passantes fizeram questão de dizer palavrões aos casais ou mesmo fazer grosseiras piadas de cunho sexual.

Hostilidade provocada pela demonstração de afeto entre casal homossexual no centro de São Paulo

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