26 de fev. de 2014

Memórias Afetivas do Cinema em Imperatriz | Parte I

Cine Muiraquitã
Por Marizé Vieira e Priscila Gama



 Cine Muiraquitã e parte da  rua Urbano Santos na década de 1960.




O início da década de 1950 é  marcado por uma Imperatriz ainda isolada do resto do país, com ponto de acesso localizado no rio Tocantins. As oportunidades de uma cidade melhor e mais desenvolta se viram surgir em meados de 1953, com a abertura da primeira estrada carroçável rumo à Grajaú, e que possibilitou a primeira ligação da cidade com o mundo que a cercava.

Foi daí a pouco, que a cidade, com suas três ruas e contadas travessas, em meio a tantos pés de manga e coqueiros, recebeu, em 1958, a notícia que mudaria por completo o rumo de seu tímido progresso: a construção da Belém-Brasília. Em meio a uma enxurrada de mudanças e explosão demográfica, Imperatriz conhecia, no final dessa mesma década tratada, o seu primeiro cinema – o Cine Muiraquitã.

De acordo com a Enciclopédia de Imperatriz (2002), o Cine Muiraquitã surgiu no final dos anos 1950, fundado por Manoel Ribeiro Soares, influente comerciante e político local. Tinha como responsável técnico Mustafá Chariffe, e atrelado ao seu ainda tímido espaço, um bar e lanchonete.

O principal foco de seu dono na época era a exportação de produtos de grande valia na região, como o arroz e o coco babaçu, deixando o estabelecimento cultural a parte. O mesmo tentou alugar o bar ali presente por algumas vezes, porém, a ideia não deu muito certo.

Foi em 1965, que as coisas mudaram para o Muiraquitã. Manoel Ribeiro havia alugado a pouco o bar para Lourenço Avelino Souza, conhecido por Leó, que não muito tempo depois, resolveu reabrir as portas do cinema também.

A ideia deu muito certo. Logo o cinema se tornou o maior meio de entretenimento da cidade, o que fez com que Leó resolvesse comprar toda a indumentária necessária para a modernização do pequeno estabelecimento, que comportava pouco mais de 100 pessoas.

O Cine Muiraquitã não era um simples cinema. Em uma cidade ainda esvaída de uma rádio própria, TV, informações sobre a própria região e o mundo, o Muiraquitã, com seus estrondosos alto-falantes, levava informação para toda a população, além de tocar os principais sucessos musicais da época.

O Cine Muiraquitã possuía gerador próprio. Há de se ressaltar que, mesmo Imperatriz sofrendo uma eclosão socioeconômica, a energia elétrica que iluminava sua redondeza  ainda era originada de geradores da prefeitura.

Chegou o ano de 1972, e Imperatriz teve sua central de energia elétrica oficialmente inaugurada, a CEMAR. Muito se falava dos investimentos que chegariam à região, e era época em que todos exaltavam o grande projeto da Transamazônica. Infelizmente esse não foi um ano muito bom para o Muiraquitã, que teve suas portas fechadas nesse mesmo período. As coisas iam indo bem, mas, de acordo com Leó, sem um porquê aparente, os donos do terreno pediram o prédio.

Mesmo com seu período de ouro findado, o Cine Muiraquitã foi e é um marco para a história de Imperatriz. Além de carregar consigo o legado de primeiro cinema da cidade, ele foi uma espécie de alavanca para o surgimento de novos cinemas aqui.

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Mais do mesmo: 

O Centro Acadêmico de Comunicação Social (CACOS), em parceria com a coordenação do curso de Comunicação Social da UFMA, iniciou em 2009 no campus de Imperatriz o Cineclube Muiraquitã (Uma homenagem ao primeiro cinema de Imperatriz).  Eram realizadas exibiçoes semanalmente, seguidas de bate-papo, no auditório da Universidade. As sessões aconteciam todas as quartas-feiras, às 18h30, com entrada franca.

A primeira sessão do cineclube Muiraquitã aconteceu dia 25/11/2009, com o filme Brega S/A, da Greenvision Films. A proposta do clube era abordar uma temática diferente a cada mês, passeando pelos gêneros, linguagens e cineastas consagrados. O projeto está desativado desde 2012, mas a sua coordenação planeja um breve retorno.
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Créditos: O titulo dessa postagem, bem como o seu conteúdo faz referência direta ao filme de mesmo título. Uma produção de Marizé Vieira e Priscila Gama, que conta a história das três mais importantes salas de cinema da cidade. (Muiraquitã, Fides e Marabá). Esse conteúdo não pode ser copiado sem autorização.

Foto: Do acervo de Fernando Cunha

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