19 de fev. de 2014

Perfil: Escurinho do samba

Por Priscila Gama

Ele traz na face um aspecto cansado, marcas de longos anos de luta, mas nos olhos, guarda um sorriso, uma expressão de quem apesar de sofrido pelas condições da vida, aprendeu a ser feliz. Ele ensina, e nós estamos aqui, atentos, dispostos a aprender um pouco com o Sr. Manoel Eugênio da Silva, que prefere mesmo é de ser chamado de “Escurinho do samba”.

Aos 74 anos, Escurinho comemora o fato de guardar na memória as letras das músicas que compôs ao longo de uma vida. Analfabeto, nunca registrou as próprias composições, mas não erra. “Eu sou o escurinho do samba, provo com a minha cor, se você está duvidando, foi Jesus quem me pintou...” cantarola pra gente, com um sorriso largo. “Eu canto para lembrar meus amigos e meu tempo bom”, confessa.

Natural do Piauí, já mora em Imperatriz há quase 40 anos. “Eu me considero filho dessa terra, fico feliz por viver aqui, aqui todos são amigos”. A cidade ganha uma aura mais pura nas canções de Escurinho. Parece até mais bela, licença poética à parte, ele pinta uma Imperatriz de quem enxerga com outros olhos, de quem acredita que as coisas podem mesmo melhorar.

Mas o Sr. Eugenio não vive da música. Sapateiro desde a adolescência, ele sustenta a família com o oficio que é uma herança de família. Aprendeu com o irmão, que aprendeu com o pai, e hoje, com orgulho, repassa aos filhos e netos.

E é ali, naquele mesmo cantinho do camelódromo de Imperatriz que há 25 anos Escurinho trabalha cantando, fazendo amizades, conquistando a admiração de quem tem a oportunidade de sentar um pouco naquele banco gasto, e descobrir que é possível ser feliz em meio à adversidade, em meio às dificuldades da vida.




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